domingo, 24 de janeiro de 2010

A MAÇONARIA E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

A História da nossa independência está intimamente ligada com a Fundação do Grande Oriente do Brasil, Obediência Mater da Maçonaria Brasileira.”

*Fuad Haddad

Apesar do farto material documental existente, pouco se publica sobre o papel importante, decisivo e histórico que a Maçonaria, como Instituição, teve nos fatos que precipitaram a Proclamação da Independência.

Deixar de divulgá-los, é ocultar a verdade e conseqüentemente ocorrer no erro da omissão, que nem a História e nem o tempo perdoam, principalmente para com aqueles nossos irmãos, brava gente brasileira, que acreditavam, ou ainda mais, tinha como ideário de vida a Independência da Pátria tão amada.

O objetivo principal, sem dúvida nenhuma, da criação do Grande Oriente foi engajar a Maçonaria na luta pela independência política do Brasil.

Desde sua descoberta em 1500, o Brasil foi uma colônia Portuguesa, sendo explorada desde então pela sua metrópole , não tinha, portanto, liberdade econômica, liberdade administrativa, e muito menos liberdade política.

Como a exploração metropolitana era excessiva e os colonos não tinham o direito de protestar, cresceu e descontentamento dos brasileiros. Iniciam-se então as rebeliões conhecidas pelo nome de Movimentos Nativistas, quando ainda não se cogitava na separação entre Portugal e Brasil. Estampava-se em nosso País o ideal da liberdade. A primeira delas foi a Revolta de Beckman em 1684, no Maranhão.

No início do século XVIII, com o desenvolvimento econômico e intelectual da colônia, alguns grupos pensaram na independência política do Brasil, de forma que os brasileiros pudessem decidir sobre seu próprio destino. Ocorreram, então, a Inconfidência Mineira (1789) que marcou a história pela têmpera de seus seguidores; depois a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817), todas elas duramente reprimidas pelas autoridades portuguesas. Em todos estes movimentos a Maçonaria se fez presente através das Lojas Maçônicas e Sociedades Secretas já existentes, de caráter maçônico tais como: Cavaleiros das Luz na Bahia e Areópago de Itambé na divisa da Paraíba e Pernambuco, bem como pelas ações individuais ou de grupos de maçons.

Nos dias atuais, os grandes vultos e os fatos marcantes da nossa história estão, na maioria das pessoas, adormecidos. O sentimento cívico esta distante e muitas vezes apagado em nossas mentes. Fatos e acontecimentos importantes marcaram o início da emancipação política da nossa nação. Retomemos os tempos idos e a alguns referenciais da nossa rica história.

- Início do século XIX – ano de 1808 – D. João e toda família real, refugia-se no Brasil em decorrência da invasão e dominação de Portugal por tropas francesas, encetadas pelo jugo napoleônico.

Este fato trouxe um notável progresso para a colônia, pois esta passou a ter uma organização administrativa idêntica à de um Estado independente. D. João assina o decreto da Abertura dos Portos, que extinguia o monopólio português sobre o comércio brasileiro. O Brasil começa a adquirir condições para ter uma vida política independente de Portugal, porém sob o aspecto econômico, passa a ser cada vez mais controlado pelo capitalismo inglês.



*- Ano de 1810 – Ocorre a expulsão dos franceses pôr tropas inglesas, que passam a governar Portugal com o consentimento de D. João.



- Ano de 1815 – D. João, adotando medidas progressistas, Põe fim na situação colonial do Brasil, criando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, irritando sobremaneira os portugueses.

- Ano de 1820 – Cansados da dominação e da decadência econômica do país, os portugueses iniciam uma revolução na cidade do Porto culminando com a expulsão dos ingleses. Estabelecem um governo temporário, adotam um constituição provisória e impõem sérias exigências a . João (agora já com o título de rei e o nome de D. João VI), ou seja:

- Aceitação da constituinte elaborada pelas cortes,

- nomeação para o ministério e cargos públicos,

- sua volta imediata para Portugal.

Com receio de perder o trono e sem outra alternativa, face as exigências da Corte (Parlamento português), D.João VI regressa a Lisboa (Portugal) em 26 de abril de 1821, deixando como Príncipe Herdeiro, nomeado Regente do Brasil pelo Decreto de 22 de abril de 1821, o primogênito com então 21 anos de idade – PEDRO DE ALCANTARA FRANCISCO ANTÔNIO JOÃO CARLOS XAVIER DE PAULA MIGUEL RAFAEL JOAQUIM JOSÉ GONZAGA PASCOAL CIPRIANO SERAFIM DE BRAGANÇA E BURBON. O Príncipe Dom Pedro, jovem e voluntarioso, aqui permanece, não sozinho pois logo viu-se envolvido por todos os lados de homens de bem, Maçons, que constituíam a elite pensante e econômica da época.

Apesar de ver ser aceitas suas reivindicações, os revolucionários portugueses não estavam satisfeitos. As cortes de Portugal estavam preocupadas comas perdas das riquezas naturais do Brasil e previam sua emancipação, como ocorria em outros países sul-americanos. Dois decretos em 1821 de números 124 e 125 emanados das Cortes Gerais portuguesas, são editados na tentativa de submeter e inibir os movimentos no Brasil. Um reduzia o Brasil da posição de Reino Unido à antiga condição de colônia, com a dissolução da união brasílico-lusa, o que seria um retrocesso, o outro, considerando a permanência de D. Pedro desnecessária em nossa terra, decretava a sua volta imediata.

Os brasileiros reagiram contra os decretos através de um forte discurso do Maçom Cipriano José Barata, denunciando a trama contra o Brasil. O Maçom, José Joaquim da Rocha, funda em sua própria casa o Clube da Resistência, depois transformado no Clube da Independência. Verdadeiras reuniões maçônicas ocorrem na casa de Rocha ou na cela de Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, Frei Sampaio, no convento de Santo Antônio, evitando a vigilância da polícia. Várias providências foram tomadas, dentre elas: consultar D. Pedro; convidar o Irmão, Maçom, José Clemente Pereira, Presidente do Senado a aderir ao movimento e enviar emissários aos maçons de São Paulo e Minas Gerais. Surge o jornal, “Revérbero Constitucional Fluminense”, redigido por Gonçalves Ledo e pelo Cônego Januário, que circulou de 11 de setembro de 1821 a 08 de Outubro de 1822, e que teve a mais extraordinária influência no movimento libertador, pois contribuiu para a formação de uma consciência brasileira, despertando a alma da nacionalidade.

Posteriormente a 29 de julho de 1822 passa a ser editado o jornal – “Regulador Brasílico-Luso”, depois denominado, “Regulador Brasileiro”, redigido pelo Frei Sampaio, que marcou também sua presença e atuação no movimento emancipador brasileiro.

Na representação dos paulistas, de 24 de dezembro de 1821, redigida pelo Maçom José Bonifácio de Andrada e Silva, pode-se ler o seguinte registro:

“É impossível que os habitantes do Brasil, que forem honrados e se prezarem de ser homens, possam consentir em tais absurdos e despotismo... V.Alteza Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes, não só para o nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura do mesmo. Se V. Alteza Real estiver (o que não é crível) deslumbrado pelo indecoroso decreto de 29 de setembro, além de perder para o mundo a dignidade de homem e de príncipe, tornando-se escravo de um pequeno grupo de desorganizadores, terá que responder, perante o céu, pelo rio de sangue que, decerto, vai correr pelo Brasil com a sua ausência...”.

- 09 de janeiro de 1822 – Na sala do trono e interpretando o pensamento geral, cristalizando nos manifestos dos fluminenses e dos paulistas e no trabalho de aliciamento dos mineiros, o Maçom José Clemente Pereira, presidente do Senado da Câmara, antes de ler a representação, pronunciou inflamado e contundente discurso pedindo para que o Príncipe Regente Permanecesse no Brasil. Após ouvir atentamente, o Príncipe responde: “estou pronto, diga ao povo que fico”.

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